11/03/2013 16h23
- Atualizado em
11/03/2013 16h23
Obra não é reformada há 31 anos, desde sua inauguração.
Boa parte da estrutura de ferro está corroída pela ferrugem.
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Em Pinheiro,
na Baixada Maranhense, a barragem do Rio Pericumã, enfrenta sérios
problemas na estrutura. Ela foi inaugurada em 1982 e em 31 anos de
funcionamento, nunca foi reformada. Sem manutenção adequada, a barragem
que é considerada uma das maiores obras sociais da região, está entregue
ao abandono.
A estrutura de ferro da obra está corroída pela ferrugem, gasta pelo
tempo, comprometida pela falta de manutenção. Em uma das comportas, os
cabos de aço responsáveis por movimentar as comportas quebraram há quase
dois anos. As peças nunca foram trocadas e a comporta interditada.
A barragem foi construída no final dos anos 1970, pelo extinto
Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). A obra foi
inaugurada com o objetivo de represar a água doce do Pericumã e impedir a
invasão da água salgada.
O Rio Pericumã abastece a cidade de Pinheiro, uma das maiores da
região, com mais de 70 mil pessoas. Ele também é utilizado para
atividades como pesca de subsistência e na agricultura. A pescadora
Maria Pereira mora a 20 metros das comportas e sabe a importância desta
obra para as comunidades ribeirinhas. “É daqui do Pericumã que retiramos
nossos alimentos, pegamos a água que utilizamos. Se não fosse a
comporta, não sei nem o que seria da gente, porque para cá quase não
temos emprego, não há terras para a gente trabalhar. Nós vivemos da
pesca e se isso aqui secar, acabou tudo para nós”, conta.
Hoje a administração da barragem é de responsabilidade do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), com sede em Fortaleza. Mas na
barragem não há um só funcionário do departamento para realizar a
manutenção básica da obra. Para abrir as comportas, as próprias pessoas
que moram próximas é que realizam a operação, como é o caso do
serralheiro Antônio José Soares.
Problemas
Sem um técnico especializado ou manutenção, os problemas se acumulam. Todo o sistema de vedação das comportas, que deveria evitar a passagem da água do mar para o rio, está comprometido. Todo o material é o mesmo desde sua inauguração e não há perspectivas de quando o material, deteriorado pelo tempo, possa ser trocado. Em muitos trechos, já há vazamentos.
Sem um técnico especializado ou manutenção, os problemas se acumulam. Todo o sistema de vedação das comportas, que deveria evitar a passagem da água do mar para o rio, está comprometido. Todo o material é o mesmo desde sua inauguração e não há perspectivas de quando o material, deteriorado pelo tempo, possa ser trocado. Em muitos trechos, já há vazamentos.
“Quando estas comportas foram inauguradas, ela operava com qualquer
desnível de água. Hoje não se pode fazer isso. Se fizer com 20
centímetros de desnível, já é arriscado demais. Porque nas comportas que
funcionam como barragem há um sistema de rodas que deslizava sobre um
trilho e isso facilitava para que a borracha não ficasse totalmente
pressionada. Como já houve um desgaste muito grande dessas rodas, a
borracha fica totalmente pressionada e corre um sério risco de estourar,
quebrar o concreto ou a roldana”, explicou o operador.
A lama também se acumula nas comportas e pode prejudicar sua abertura.
Na barragem, nada funciona como deveria. Sem a manutenção devida, os
motores e cabos de aço do sistema de içamento das comportas funcionam
com menos de 50% de sua capacidade. “Nesses geradores é preciso fazer a
troca de óleo a cada seis meses e já está indo para três, quatro anos
que não é feito. O retificador de freio é acionado por uma placa. Como
existem cinco comportas, você precisar tirar a placa de uma e colocar na
outra para que funcione”, acrescentou Soares.
Vidraças quebradas, guarda-corpos também. Em alguns trechos a proteção
foi improvisada com pedaços de madeira. A mesa que controla a abertura e
fechamento das cinco comportas também tem problemas. Sem manutenção há
cinco anos, há chaves travadas, por exemplo.
A barragem não tem sequer energia elétrica. A pequena subestação
instalada no local há anos foi desativada por falta de pagamento da
conta de luz. O motor que deveria gerar energia para mover as comportas
também está parado.
A Prefeitura de Pinheiro encaminhou ofícios ao Dnocs e á Secretaria
Estadual de Infraestrutura (Sindra) comunicando os problemas e pedindo
soluções. Se nada for feito, só resta aos ribeirinhos rezarem e torcerem
para que o período de chuvas não seja tão intenso e que várias famílias
não fiquem desabrigadas. “A nossa preocupação é essa. Quando o inverno
chega isso aqui tudo fica alagado. Se encher e a comporta não for
aberta, o que poderemos fazer?”, indagou o pescador João Pereira.
De acordo com a assessoria do Dnocs, recentemente o departamento
elaborou um plano de recuperação da barragem. No entanto, aguarda a
liberação de recursos do governo federal para dar início aos trabalhos
de reparos.